Relatório 3 Anos de Next
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A experiência de 3 anos do Next
- O Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas
O Next foi criado em 4 de dezembro de 2007 como uma alternativa para responder aos problemas colocados pela necessidade de implantação de tecnologias interativas.
Essas necessidades foram de duas ordens:
Por um lado ele surge como desdobramento da pesquisa Comunidades Virtuais no SUS, que visa incorporar as tecnologias interativas à dinâmica do SUS para favorecer sua democratização e ampliar a participação dos usuários. A pesquisa nos levou a constituição da Rede de Pesquisadores Internet e Saúde e a criação de um Dispositivo de Interação Virtual (DIV) que lhe oferecesse sustentação e viabilizasse suas interações e produção coletiva. A construção de um Ambiente Educativo dentro deste dispositivo, a organização dos primeiros cursos em EAD e a necessidade de oferecer aos pesquisadores, condições de utilizá-lo. Isto nos levou a levou a organização de uma pesquisa sobre Educação Não Formal em Ambientes Virtuais e a construção de uma incubadora de cursos de EAD. As estratégias desenvolvidas nestas atividades terminaram por nos colocar no caminho da Experimentação.
Por outro lado o Icict se debatia com a necessidade e dificuldade de incorporação de novas tecnologias às suas atividades.
A idéia de criação do Next foi de que ele poderia viabilizar um processo gradual de implantação, onde não se gerassem desequilíbrios para os sistemas utilizados até o momento. Nossa intenção foi criar um instrumento para trabalhar o problema da incorporação de tecnologias interativas de comunicação e informação, identificando as dificuldades e resistências encontradas em função da sobrevivência dos hábitos culturais ligados às tecnologias anteriores, e construir estratégias que facilitem e sua incorporação. Seu objetivo é formular estratégias, iniciativas, construir e implementar dispositivos, colaborando para a incorporação de novas tecnologias com vistas à mudança do modelo organizacional que permita maior participação e interação no interior das organizações. (Ver Anexo: “3 anos de Next”)
O Next tem como Metas:
• Propor estratégias, iniciativas ou dispositivos que facilitem a incorporação de novas tecnologias de comunicação e informação nas organizações, em particular nas de saúde; que influenciem na mudança de suas culturas e facilitem a participação do usuário no sistema de saúde.
• Desenvolver metodologias que permitam promover a mudança da cultura organizacional com o menor impacto traumático para o conjunto dos atores envolvidos.
• Identificação das áreas mais problemáticas de resistência à mudança de cultura organizacional, subsidiando as ações de gestão em saúde.
• Identificação das áreas com maiores tendências à incorporação das novas tecnologias, subsidiando as ações gerenciais para a mudança organizacional proposta.
• Desenvolvimento de parâmetros para avaliar o impacto das ações realizadas pelos projetos observados em relação às conquistas e desafios enfrentados para a incorporação de novas práticas de trabalho.
Alguns pressupostos metodológicos simples orientaram as atividades do Next desde o início. Os mais importantes são apresentados a seguir:
• Não colocar tudo em questão a todo o momento - O primeiro e mais importante pressuposto, que pautou as iniciativas do Next, foi de que seria possível avançar em experiências de tecnologias interativas, convivendo ao mesmo tempo, e sem colocar em questão, com o uso das tecnologias centralizadas, tradicionais da informática. A postura do Next passou a ser de experimentar as tecnologias de geração mais recente, se propondo também, a contribuir na melhoria nas atividades e uso das ferramentas mais tradicionais, que respondem a muitas necessidades concretas, e permitindo que se possa viver seu esgotamento.
• O simples e gratuito é melhor – A opção pelo uso de programas e aplicativos gratuitos se deu não apenas como um meio de melhor usar nossos recursos, mas, principalmente, porque esta opção nos coloca no centro de um processo coletivo de aprendizado e criação de uma nova cultura. Quando você opta por um Firefox, um Wordpress ou um Média Wiki (tecnologia da Wikipédia), você se coloca no interior de um movimento; são centenas de milhares ou milhões de interessados buscando soluções, inventando usos e novidades, dando suporte aos problemas que aparecem e orientações aos que tem dificuldades (tutoriais, vídeos, manuais, FAQs, etc.). Da mesma maneira isto evita que se fique encurralado com a não continuidade de determinadas tecnologias. Serão milhões que inventarão uma solução alternativa.
• Beta Perpétuo, sempre é possível melhorar - Quando se escolhe o caminho da experimentação temos que entender que ela pode nos mostrar que não temos razão, que existem possibilidades e alternativas que nós nem imaginávamos, que algo pode ser melhorado, que determinada ação não deve ser tomada, ou que, o que menos esperávamos pode dar certo. Mas que isto, só melhoramos se experimentarmos e revermos nossos passos, a cada passo. Isto, que em geral é verdadeiro, é fundamental quando trabalhamos com inovação. A Internet nos trouxe a lógica do beta perpétua: a consciência de que sempre podemos melhorar e aprender e de que o caminho para isso é experimentar coletivamente.
Até 2007, quando foi criado o Next, vivíamos no Icict as mesmas restrições que encontrávamos em praticamente todas instituições e organizações, em relação às tecnologias de redes sociais e aplicativos interativos.
Como em todo o lugar se questionava o Orkut, o MSN e o Skype por distrair os funcionários de seu trabalho e levá-los a perder tempo. Além disso, como em outros lugares, se argumentava que estes programas deixariam a segurança dos sistemas em risco e sobrecarregariam os equipamentos. Eles eram coisa de jovem desocupados que perdiam seu tempo com bobagens do Youtube ou escrevendo frases incompreensíveis no Twitter.
- A Quebra do Preconceito
Nas primeiras atividades do Next começamos a questionar estas opiniões afirmando que, se estes aplicativos não fossem proibidos e desconsiderados, suas ferramentas seriam absorvidas pela dinâmica do trabalho. O fato de o Next desenvolver pesquisas, publicar muitos artigos e participar em congressos acadêmicos, e o apoio dado a ele pela direção, deram autoridade a este argumento e levaram a que os pré-conceitos pouco a pouco fossem se dissipando.
Neste período se contou com o fato de que a Internet ampliava sua penetração na sociedade, o que fazia com que se convivesse com ela no dia a dia em casa, nas conversas, no transporte e na diversão. Aproveitando este movimento, o Next iniciou a divulgação dos mesmos instrumentos encontrados no dia a dia, mas mostrando também suas possibilidades para o trabalho. Nos eventos do Next apareciam os mesmos equipamentos e atividades que os funcionários e pesquisadores viam seus filhos utilizar, para dar expressão a uma atividade produtiva: o Twitter era utilizado para divulgar o que estava ocorrendo, o Skype era usado para trazer um depoimento da Espanha ou de Portugal. O You Tube servia para aprender algo ou mostrar um vídeo e uma transmissão ao vivo, pela TV Justin, para quem não pode ver presencialmente o que estava acontecendo...
Paralelamente, o Next começava ações de maior consistência: usar listas de discussões para articular, em particular, aqueles pesquisadores que trabalham com a Internet e a Saúde, como na lista Comunidades Virtuais no Sus (atualmente com quase uma centena de participantes) e consolidar um Dispositivo de Interação Virtual, que colocasse a disposição dos participantes, colaboradores e amigos do Next, um conjunto de dispositivos de interação.
- A Criação de um Dispositivo de Interação Virtual.
O site do Next aparece então como a materialização deste dispositivo, com os mais variados canais de web 2.0 (Twitter, You Tube, Delicious, Slide Share, TV Justim e Facebook entre outros). Embutido nele foi criado ainda um servidor Wiki e outro do Moodle. O Wiki do Next se oferecia como um espaço de registro e para sua apresentação das pesquisas e atividades. O servidor Moodle ofereceu a possibilidade de um Ambiente Virtual que viabilizasse cursos do Next e iniciativas dos pesquisadores.
• Implantação de EAD.
Em 2009 fizemos o primeiro curso de EAD realizado no Icict (primeira versão em 2009 e a segunda em 2010) e em 2010 montamos o segundo curso “Andando nas Nuvens: apresentando as tecnologias de Web 2.0 e seus usos”. Começamos também a montar um Pos Graduação Lato Senso em EAD, sobre uso de tecnologias e práticas interativas na Pesquisa, educação e saúde, com o objetivo de que ele comece a ser realizado no segundo semestre de 2011.
Estas experiências e as pesquisas que viemos desenvolvendo, levaram a que começássemos, em 2009, a organizar uma incubadora de cursos em EAD, que possa ajudar os pesquisadores a montar e colocar em prática seus cursos. Organizamos também, um projeto para estudar metodologias de incubação, que está sendo financiado pelo programa Pipdt.
Estas iniciativas levaram o Icict a assumir a implantação da EAD como um objetivo estratégico.
• Experimentação de Aplicativos Web 2.0
Com o curso Introdução a “Educação Não Formal em Ambientes Virtuais”, iniciamos uma nova fase na incorporação de aplicativos interativos na Unidade. Apesar de não ser o objetivo do curso, ele serviu de aproximação de vários profissionais que dele participaram e tivessem a iniciação de uma série de ferramentas interativas. Os aprendizes tiveram, no curso, a oportunidade de experimentar ferramentas como os wikis, chats, comunicadores como o Skype, fóruns, entre outras coisas. Isto serviu de estímulo aos que dele participaram para começar a usar estas ferramentas. Como existiam pessoas de vários departamentos isto estimulou também outros funcionários a superar seus temores. A abertura que se criou no Icict, para a experimentação de ferramentas, pode ser verificada em um episódio, no final do ano passado, quando divulgamos o lançamento do Google Wave e distribuímos convites para inscrição na ferramenta. Cerca de 60 pessoas (cerca de 20% dos funcionários do Icict) se inscreveram e experimentaram o recurso. Em dois casos, no RH e no PróQualis, houve experimentação coletiva da ferramenta. Isto é sem dúvida um indicador importante da disposição de experimentação, em particular visto as dificuldades que enfrentou o Google Wave na Internet.
• Workshops Mensais e Abertos e permanência de Apoio.
Esta experiência nos levou a decisão de criar atividades periódicas, mensais, de apresentação de ferramentas e práticas interativas. Em junho fizemos a primeira experiência (sobre colaboração, Google Docs e Google Wave), e em setembro faremos outra sobre Skype e Wikis. Avaliando estas duas experiências, definiremos o formato definitivo para fazer este tipo de atividade mensalmente no próximo ano.
Estes Workshops, abertos para os funcionários do Icict e da Fiocruz e para os aliados do Next, e que podem ser assistidos pela Internet, apresentarão, a cada vez uma ferramenta Web 2.0, e, paralelamente, serão fornecidos através do site do Next subsídios, informações e materiais de apoio, para favorecer a sua experimentação. Além disto o Next oferecerá uma permanência em sua sala, onde poderão ser solucionadas dúvidas sobre o uso e aplicações dessas ferramentas.
• Experimentação coletiva
Além desta experimentação de caráter individual, atualmente, começam a serem planejadas ações coletivas de experimentação que de certa forma acompanharão os workshops. Duas ferramentas deverão ser escolhidas para uma ação mais agressiva de introdução de tecnologia.
A primeira é o Skype, que já vem sendo bastante usado como meio de comunicação dentro do Icict (de mensagens instantâneas). Nossa idéia é consolidar este uso e ampliá-lo. Deveremos ainda investir em suporte em sua instalação e atualização para viabilizar a utilização em serviço de recursos de voz e vídeo, além de seu uso em reuniões virtuais e transmissão de arquivos e oferecer 50 kits de audifones e câmaras. Para o uso, seria oferecido suporte em tutoriais, uma lista, suporte para a instalação e a permanência do Next para apoio.
A outra tecnologia que pretendemos iniciar um processo de introdução em massa, é o Wiki, que tem se mostrado um grande instrumento para a organização coletiva, registro, elaboração de relatórios e transparência das pesquisas do Next. Isto já nos levou a criação de um workshop que tem sido apresentado em cursos de pós-graduação Lato Senso. A idéia aqui é propor experimentações coletivas de uso de Wiki para organização de pesquisa. Já temos uma experimentação planejada com a outra pesquisa que ganhou o Pipdt 2010 do Icict, coordenada por Imara Freire, que trata de “Educação permanente no Icict - Integrando ações de Ensino, Desenvolvimento Profissional e Gestão”
• * Ações pontuais de Experimentação e Introdução de Tecnologia A prática nos mostrou que determinadas situações viabilizam oportunidades de experimentações e ações pontuais de introdução de inovações. Foi o que aconteceu com a Experimentação de Uso de Tecnologias Interativas em uma Banca de Mestrado, quando o surgimento de uma determinada situação criou uma oportunidade. A experimentação, além de resultados do ponto de vista técnico, evidenciou a oportunidade que significaria a incorporação de ferramentas de teleconferência como meio de ampliar a participação de pesquisadores de outras regiões nas atividades de bancas de pós-graduação, assim como a transmissão on-line evidenciou a possibilidade de ampliação e rapidez de divulgação da produção de conhecimento. Isto levou a que hoje, no Icict, nos debrucemos em criar uma estrutura, metodologia e rotina que permita utilizá-la sempre que isso mostre se necessário, sem maiores esforços e aplicação de recursos.
