Da Validação por Intermediários à Validação Social

É comum, nos meios acadêmicos, ouvirmos que nunca sabemos o que é verdadeiro ou falso na Internet.
A validação por intermediários existe desde a época dos Xamãs, das igrejas e nobreza com seus bruxos, favorecidos pelo segredo dos que se avocavam o direito de validar. A Imprensa, de certa forma democratizou a informação, e a queima de livros e a Inquisição tentaram impedir o fim do segredo. Na inviabilidade de acabar com o segredo, se reforçaram outros mecanismos de controle e com a sociedade moderna a ciência pouco a pouco se afirmou como senhora da Verdade.
Hoje quando se fala em validação, nos referimos àquela que é feita pela ciência, através de seus pares (intelectuais e corpos técnicos do aparato do Estado); por bancas, leis e regras por eles criadas, ou simplesmente pela manutenção da autoridade do Doutor (o mais graduado ou o que tem o Poder).
Em realidade, até pouco tempo atrás, não tínhamos tecnologia para conceber qualquer possibilidade de validação que não se verificasse através de intermediários. Vivíamos numa sociedade carente de informação e prevalecia a idéia de que era menos arriscado deixar o controle na mão de intermediários que teriam mais condições, conhecimento e capacidade de julgar. Qualquer forma de validação social ou pela ação direta dos indivíduos era inimaginável e tecnicamente inviável.
A “autoridade científica” cumpriu um papel de coesão da sociedade e, aparentemente, de expressão de sua vontade. Mas para manter essa autoridade, uma das condições era o controle da informação, o que reproduzia o poder das elites intelectuais e técnicos. Com a Internet e a ampliação das possibilidades de acesso à informação, as novas tecnologias abalam esta arquitetura e criam a possibilidade de novas formas de validação.
Recentemente, tecnologias chamadas de Web 2.0 além de descentralizar a produção de conteúdo, criaram ferramentas amigáveis para validar o que é publicado. A validação social é o grande diferencial da nova web. Seus grandes produtos partem da premissa que os conteúdos são passíveis de avaliação pelos usuários confiando na sua participação massiva para definição da relevância do que é apresentado. O pressuposto é que os próprios usuários são capazes de cuidar do que é "seu".
A validação é fundamental para descobrir o que é relevante na grande massa de conteúdo publicado. Mas ao contrário da tradicional, que define em termos absolutos o que é certo ou errado, verdade ou mentira, e desconsidera diferenças, a validação social tem formas diversas. Ao lado das tradicionais como dar nota a um conteúdo, elas oferecem outros índices de relevância como a audiência, o número de vezes que algo foi adicionado aos favoritos, comentários e outros. Critérios cada vez mais diversificados que oferecem ao usuário a possibilidade de usar a validação social a partir de suas necessidades particulares.

Tipo de arquivo: 
Artigo
Evento / Disciplina / Periódico: 
VII Esocite - Jornadas Latinoamericanas de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias
Ano: 
2008